As Saídas Profissionais dos Jovens em 2025
De acordo com a Plataforma Inforcursos que apresenta Dados e Estatísticas de Cursos Superiores – Edição 2025 e o Público (2025) o desemprego entre os profissionais com formação superior em Portugal tem vindo a diminuir de forma consistente, refletindo uma melhoria na integração dos jovens qualificados no mercado de trabalho. Mas é importante olharmos para os dados de uma forma mais completa e perceber o real impacto para as empresas e para os jovens que estão a ingressar no mercado de trabalho.
- A melhoria das estatísticas e os cursos “seguros”
As notícias destacam que o desemprego entre profissionais com formação superior está a diminuir e que há 87 cursos com nível de empregabilidade entre 99 % e 100 %. Estes cursos concentram-se sobretudo nas áreas da Engenharia (em particular Engenharia Informática, Engenharia Civil, e Engenharia Eletrónica), Saúde e outros cursos dentro das Ciências Sociais, como é o caso da Gestão e da Psicologia, mas também em áreas como Educação Básica ou Estudos Europeus. São claros exemplos de disciplinas com forte ligação às necessidades do mercado. No entanto, é importante colocar isto no contexto dos milhares de cursos existentes: embora 132 tenham taxas de empregabilidade superiores a 99 %, representam apenas cerca de 10 % do total, o que evidencia que a oferta formativa é bastante ampla e variada e que nem todos os cursos dão uma garantia de emprego futuro.
“Existem 87 Cursos com nível de Empregabilidade entre 99% e 100%)”

É também importante destacar que existem diferenças entre quem se forma através do ensino profissional e quem segue o percurso tradicional. Os TeSP têm resultados menos positivos: apenas 15% dos profissionais com formação superior (2016 – 2022) conseguiram emprego permanente, embora sirvam de trampolim para estudos superiores, onde 65% prosseguiram para licenciatura.
Por outro lado, indivíduos com licenciatura ou mais qualificações (mestrado, doutoramento) tendem a obter emprego mais rapidamente e com melhores remunerações. Três anos após completarem os estudos, cerca de 82% dos jovens (20 – 34 anos) estavam empregados, ganhando significativamente mais do que quem só detém o 3.º ciclo.
É ainda importante destacar que cerca de 17% dos jovens que ingressam no ensino superior acabam por desistir.

- O fosso entre educação e mercado de trabalho
Apesar de muitos profissionais com formação superior conseguirem emprego rapidamente, nem todos o fazem à altura da sua qualificação. Um estudo revelou que 16 % dos profissionais com formação superior entre os 20 e os 64 anos estão sobre qualificados e executam funções para as quais a sua formação é redundante, subindo para 20 % no grupo dos 20 ‑ 34 anos. Este fenómeno de sobre qualificação indica que, para muitos, o diploma não garante uma transição plena para cargos correspondentes às suas competências.
Mesmo em áreas altamente empregáveis, há desafios estruturais: o mercado português tem uma economia pouco diversificada, com poucos setores de alta tecnologia, o que limita a absorção de quadros qualificados.
Apesar das melhorias estatísticas, os jovens continuam a sofrer com desemprego elevado e emprego precário. No final de 2023, a taxa de desemprego entre os 16 ‑ 24 anos era de 20,3 %, claramente superior à taxa global (6,6 %). Adicionalmente, há muitos jovens com subemprego (part-time, contratos a termo, trabalho temporário), fato que compromete a qualidade e estabilidade do emprego.
E os reais impactos para o mercado de trabalho?
- Mercado segmentado: Existem cursos com quase total empregabilidade, mas também muitos com fragilidade. Esta dualidade força os jovens a selecionar formação de forma estratégica, olhando para os indicadores de empregabilidade. Isto pode ter impacto a médio e a longo prazo, levando os jovens a abandonar os estudos e a uma maior desmotivação face ao trabalho.
- Sobre capacitação e produtividade: A sobre qualificação diminui a satisfação profissional, reduz o incentivo à empresa e desperdiça potencial, com impacto negativo na produtividade global das organizações. Incentiva a uma maior rotatividade de colaboradores o que gera maiores custos para as organizações.
- Pressão salarial e fuga de talentos: Jovens bem formados e empregados em setores de alta procura, conseguem salários mais elevado, agravando a dificuldade de retenção pelo mercado nacional. Os candidatos acabam por emigrar para outros países onde as condições sejam mais atrativas.
- Necessidade de maior orientação e flexibilidade: O sistema de ensino deve alinhar-se mais com o mercado, redirecionando a oferta de formação profissional e superior para áreas com maior potencial de emprego. As empresas precisam de ponderar as suas formas de captar e realocar talento, de forma a aproveitarem ao máximo as competências dos seus quadros e fomentarem a sua motivação.
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